Pesquisa da Epagri aponta que área plantada com maçã na Serra Catarinense cresceu 16% nos últimos três anos
Imagens: Satélite Cbers 4A

A Serra Catarinense, maior produtora de maçã do Estado e do Brasil, viu sua área cultivada com a fruta crescer 16,3% entre 2020 e 2023, passando de 12.060 hectares para 14.026 hectares. A região abrange os municípios de Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Painel, Rio Rufino, São Joaquim, Urubici e Urupema, que representam 88% da área cultivada com maçã do Estado. 

Os dados foram obtidos por profissionais da Epagri sediado em Florianópolis e em São Joaquim que vêm acompanhando a evolução dos pomares de maçã em Santa Catarina nos últimos três anos, utilizando imagens de satélite de alta resolução e técnicas de sensoriamento remoto.

“Tais dados são aferidos a campo pelos extensionistas da Gerência Regional da Epagri em São Joaquim sempre que necessário, o que lhes confere ainda mais precisão”, explica Kleber Trabaquini, pesquisador da Epagri/Ciram, especialista em sensoriamento remoto e coordenador do projeto. 

De acordo com o levantamento, Urubici foi o município que mais expandiu seus pomares de maçã no período observado, com uma taxa de crescimento de 31,6%, ou 200 hectares. Urupema e Bom Jardim da Serra também apresentaram crescimento expressivo de 26,2% e 23%, respectivamente. 

Ainda segundo o estudo, São Joaquim cultivava cerca de 8.692 hectare de maçã em 2020, área que chegou a 10.023 hectare em 2023, um crescimento de 1.331 hectare, ou seja, 15,3%. “Com este levantamento, conclui-se que São Joaquim representa 63% de toda a área cultivada em Santa Catarina e 30% da área cultivada no Brasil”, detalha Kleber.

Os únicos municípios que apresentaram redução da área cultivada foram Bom Retiro e Rio Rufino, com -9,6% e -14,3%, respectivamente.

Utilizando as imagens de satélite, os pesquisadores da Epagri conseguiram ainda identificar a área da cultura que está coberta com telas antigranizo. O acompanhamento constatou que cerca de 2.335 hectares da região de estudo apresentam pomares cobertos por telados, o que representa 17% da área plantada.

“Estes números demonstram que cerca de 82 mil toneladas de maçã estão protegidas de intempéries climáticas, resultando não só em maior segurança de produção mas também em menores riscos financeiros para o produtor”, contextualiza Valci Vieira, assistente de pesquisa da Epagri/Ciram. 

Segundo dados da Epagri/ Cepa, Santa Catarina conta com 15.779 hectares cultivados com maçã na safra 2023/24, o que representa aproximadamente 47% da área plantada no Brasil, que é em torno de 33.311 hectares segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de ter área plantada menor que o Rio Grande do Sul (15.983 hectares, segundo o IBGE), Santa Catarina é o maior produtor nacional de maçã. A diferença está na produtividade. 

O Estado catarinense produz em média 35.000kg/ha de maçã historicamente, o que resulta numa produção média anual de 572.372t. Já o Rio Grande do Sul produz em média a cada ano 435.312t, devido à menor produtividade média, que fica em 27.236kg/ha anuais. 

“A Serra Catarinense conta com cerca de 2.100 produtores, em sua maioria agricultores familiares, que desempenham um papel vital na economia local, gerando milhares de empregos diretos e indiretos, produzindo maçãs de excelente qualidade e impulsionando a economia da região.” avalia  Kleber. Ele lembra que, a cada ano, a região produz mais de 370 mil toneladas de maçãs. Na safra 2022/23 esse volume produzido alcançou Valor Bruto de Produção (VBP) de aproximadamente R$740 milhões. Quando se considera a comercialização da fruta, o valor movimentado na região chega a cerca de R$1,5 bilhão por ano.