“Voz dos Oceanos”: Família Schurmann vai à ONU alertar sobre o risco do plástico nos mares

Um estudo global publicado pela revista científica Nature Sustainability em junho deste ano revelou que 80% do lixo encontrado nos oceanos é composto por plástico, sobretudo sacolas e garrafas. Para a Família Schurmann, que tem nas águas marinhas parte da sua trajetória, esse problema é extremamente sério. Por isso, a próxima expedição marítima dos velejadores catarinenses tem uma missão especial: o combate à poluição do plástico nos oceanos.

Será uma viagem de dois anos em alto-mar para alertar e chamar a atenção sobre os perigos dos resíduos plásticos nos mares. A expedição também será uma plataforma para que cientistas, pesquisadores e especialistas de ONGs possam embarcar com os Schurmann e assim realizar e divulgar pesquisas e estudos sobre os mares e ilhas do mundo. Pelo caminho, haverá paradas para propagar a mensagem da preservação.

“O nosso propósito nessa expedição é conscientizar as pessoas a não jogar os plásticos nos rios e nos mares, que está afetando as aves marinhas, os animais, a natureza. São de 8 a 10 milhões de toneladas de plásticos jogados todos os anos no mar, então, o nosso propósito é que as pessoas usem a lixeira para jogar o plástico, a conscientização das indústrias de reciclar esse plástico para o bem da nossa humanidade”, explica Vilfredo Schurmann.

Preparação

Essa será a quarta expedição da Família Schurmann. Foto: Reprodução UNI TV

A expedição recebeu o nome Voz dos Oceanos. A previsão é de que a partida aconteça no dia 29 de agosto, em Balneário Camboriú. Enquanto isso, em Itajaí, onde a família vive, são realizados os últimos preparativos no veleiro sustentável Kat. As baterias do barco, por exemplo, estão sendo trocadas por outras novas. A mudança vai fazer a embarcação ficar cerca de uma tonelada mais leve. Os equipamentos novos também têm uma vida útil quase quatro vezes maior do que os atuais.

Depois de tudo pronto, a Família Schurmann começará a rodar o mundo. A expectativa é alcançar até 40 locais estratégicos no planeta, incluindo a costa brasileira. “[Conhecer] os desafios que as cidades têm, as soluções que as cidades têm, porque não adianta, o plástico não vai terminar. O que nós queremos é que as pessoas reciclem”, ressalta Vilfredo.

O roteiro também prevê navegar para as áreas conhecidas como “giroscópios”, onde as correntes marinhas convergem e agrupam um grande volume de detritos plásticos provenientes de todo o mundo. O projeto Voz dos Oceanos quer levar sua mensagem até o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.

A vontade da família em alertar a mundo sobre o lixo plástico nos oceanos surgiu em 1998. Na época, o casal Vilfredo e Heloísa Shurmannn, junto com os três filhos, chegou a uma ilha remota e de difícil acesso no Oceano Pacífico Sul, chamada Henderson Island, e encontrou milhares de lixos plásticos. Eles ficaram assustados com a situação e a partir dali viram a necessidade de conscientizar as pessoas para o problema.

“Essa mensagem é para o público em geral, para as crianças, as escolas. Hoje os jovens estão muito conscientizados de que é necessário preservar os nossos oceanos. Porque os nossos oceanos é que geram 54% do oxigênio que nós respiramos. As florestas tropicais produzem 34%. Então, é o futuro. O jovem tem que olhar lá na frente o que vai acontecer se a gente não fizer nada”, destaca Vilfredo.

Veleiro Kat

Veleiro Kat recebe últimos preparativos para nova expedição. Foto: Reprodução UNI TV

Essa será a quarta volta ao mundo da Família Schurmann em alto-mar. A primeira viagem foi em 1984, quando ficaram dez anos viajando. Vilfredo e Heloísa foram com os três filhos, que na época tinham 7, 10 e 15 anos. Depois disso, ainda fizeram outras duas viagens: 1997-2000 e 2014-2016. A próxima será a primeira com o viés de proteção ambiental dos oceanos.

A missão será a bordo do veleiro Kat. A embarcação foi construída para a terceira expedição da família e possui quase 24 metros de comprimento e pouco mais de 6 metros de altura. O nome é uma homenagem a filha adotiva do casal.

A menina era filha de amigos e foi adotada aos três anos. Kat faleceu aos 13 anos, em 2006, com HIV. A história é contada no livro “O Pequeno Segredo”, que, mais tarde, foi adaptado para um documentário produzido pelo filho David Schurmann. A produção teve apoio da Unisul, que cedeu ambientes para as gravações no complexo aquático da Pedra Branca, em Palhoça.