O destempero das emoções no cenário politico

Foto: Banco de Imagens

O recente episódio envolvendo os candidatos à prefeitura de São Paulo, Datena e Pablo Marçal, transcendeu os limites de um embate político. A “cadeirada” em plena campanha, mais do que um gesto agressivo, é um símbolo da deterioração do diálogo, do respeito e da convivência pública. Quando “figuras” que deveriam inspirar civismo e responsabilidade partem para o destempero, o que nos resta enquanto sociedade?

O comportamento humano, em sua essência, deveria ser moldado por respeito, empatia e bom senso, especialmente quando se está sob o olhar da nação. Mas o que vimos ali foi a degradação dessas virtudes. O ato não reflete apenas a falta de controle emocional dos envolvidos, mas revela algo mais profundo: a falta de respeito consigo mesmos, com seus adversários e, acima de tudo, com os eleitores. Porque, afinal, o que se espera de uma disputa eleitoral? O que a democracia pede, senão debate de ideias, propostas concretas e atitudes que reflitam o desejo de um bem comum?

A violência – mesmo que simbólica – não se justifica. Nem como ferramenta de retórica, nem como resposta ao desgaste emocional de uma campanha. Uma cadeira atirada em um palco é mais do que um momento de explosão: é um convite à banalização do confronto, à falta de autocrítica e ao desprezo pela inteligência coletiva. E, tristemente, quem sai ferido não são apenas os envolvidos, mas a credibilidade de todo um sistema democrático.

Em tempos de polarização e emoções à flor da pele, o destempero se torna uma armadilha fácil de cair. No entanto, é justamente nos momentos de tensão que o verdadeiro caráter de um líder se revela. E o que foi revelado ali? Uma incapacidade de manter o equilíbrio, uma ausência de preparo para lidar com conflitos de forma madura e, sobretudo, uma traição ao compromisso que todo candidato deve ter com o povo: o de manter a dignidade, mesmo diante de provocações.

Quando líderes se permitem atos de destempero, o que nos resta? Qual o exemplo deixado para quem ainda acredita na política como ferramenta de transformação? Que os eleitores observem, reflitam e exijam algo mais. Porque, no fim das contas, são eles que, com sua escolha, têm o poder de mudar o cenário – de uma São Paulo que não precisa de cadeiras voando, mas de ideias que façam a cidade avançar.

✍🏼Sibéle Cristina Garcia
Encorajadora da Liberdade Feminina/ Comunicadora