Empresa de SC dá férias coletivas a 500 funcionários após tarifaço de Trump
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O impacto do tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros começa a ser sentido com força no setor madeireiro de Santa Catarina. A empresa Ipumirim Mouldings, sediada no Oeste do estado, anunciou férias coletivas para quase todos os seus 500 funcionários. Apenas um setor, com 15 colaboradores, continuará operando.

A medida foi tomada após a suspensão de contratos de exportação que ainda não haviam sido enviados aos portos. A companhia, especializada na produção de molduras de madeira, tem 95% de sua exportação voltada para os Estados Unidos, país diretamente afetado pela nova tarifa que entra em vigor no dia 1º de agosto.

Em comunicado, a empresa afirmou que aguarda um acordo entre os governos brasileiro e norte-americano para retomar as atividades comerciais com normalidade. “Entendemos que é um momento delicado, mas acreditamos que, juntos, superamos qualquer desafio”, diz trecho da nota.

A decisão em Ipumirim reflete um cenário mais amplo. No Planalto Norte catarinense, polo madeireiro que abrange cidades como São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre, a produção também está sendo paralisada em diversas empresas. Segundo a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), 62% das exportações da região têm como destino os Estados Unidos.

Arnaldo Huebl, vice-presidente da Fiesc na região, afirmou que empresas já estão paradas e outras devem interromper suas atividades nos próximos dias. Ele destaca que o mercado está em compasso de espera para entender os efeitos da medida norte-americana, e alertou para o risco de demissões em massa caso as tarifas sejam mantidas.

A situação preocupa toda a cadeia produtiva. A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) afirmou que aproximadamente 180 mil empregos estão em risco em um setor que depende em média 50% do mercado norte-americano. Somente em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 1,6 bilhão em madeira para os EUA.

Segundo a entidade, além das férias coletivas, muitas empresas já enfrentam cancelamentos de contratos e suspensões de embarques. Há cerca de 2.500 contêineres com produtos prontos entre navios em trânsito e terminais portuários, aguardando definições.

A Abimci apelou ao governo federal para uma solução diplomática urgente e alertou que uma eventual retaliação tarifária por parte do Brasil poderia agravar ainda mais a crise. O setor defende a prorrogação do prazo para aplicação das tarifas e reforça que a prioridade agora é a preservação dos empregos e da continuidade industrial.