Fé foi a força que permitiu a Marília Dias seguir em frente. Quando o filho sofreu um grave acidente aos seis anos de idade, o chão dela desabou. Diego Dias teve a lateral do corpo cumprida entre a roda de um ônibus e o meio-fio. Quando a ambulância chegou, além da dor, o que ela poderia fazer naquele momento? Confiar em Deus. No hospital, a criança ficou um ano internada. Passou por 29 cirurgias. Até que a alta finalmente chegou. Hoje em dia, Daniel é um homem. Saudável. Cheio de vida e sonhos. Depois do renascimento, a mãe cumpre uma promessa há 35 anos: participar da procissão de Nossa Senhora dos Navegantes.
Mas a fé de Marília é também como filha. “Minha vó sempre me ensinou que eu tinha duas mães: a que me concebeu e a Nossa Senhora dos Navegantes. Na minha infância, descobriram que eu tinha crupe, uma doença rara, que 55 anos atrás, quando os bebês pegavam, morriam. Minha vó então foi até a igreja da santinha e fez uma promessa. No dia seguinte, melhorei de um jeito que os médicos não tinham explicação. Foi um milagre”, revela. Depois, quando moça, aos 15 anos, Marília participou da procissão vestida de Nossa Senhora, e deu continuidade à fé da vó.
Neste domingo (2) celebrou-se em todo o Brasil o dia de Nossa Senhora dos Navegantes, e Marília participou da tradicional procissão marítima de Garopaba. “Lá em Porto Alegre, tudo era a pé. Durava cerca de três horas. Às vezes, passava mal, e a sorte que meu marido Luiz está sempre ao meu lado. No barco foi uma experiência diferente! É como se a gente estivesse mais perto dela, mais profunda e conectada com o lar da santinha: o oceano, Muito especial viver esse momento”, disse, enquanto ainda navegava no barco, em alto-mar. E na mão, carregava uma santinha. “Ela me acompanha em cada procissão, ano após ano”.
Garopaba como lar
Na procissão de Nossa Senhora dos Navegantes de 2024, Marília e o marido Luiz percorreram o trajeto mais uma vez juntos. Nas mãos, além da santinha, ela levou uma bolsinha com três papeis dentro. No final do percurso, pediu ao esposo que pegasse somente um. Quando abriram, estava escrito: “Garopaba”. Em seguida falou: “é para lá que vamos morar”. E assim aconteceu. Há oito meses o casal reside no município. “Aqui é incrível. Um lugar tranquilo, em que estamos nos sentindo cada vez mais acolhidos”, finaliza.
Aniversariante
No mesmo barco, também tinha gente de aniversário. O pequeno Miguel Asaaf completava 11 anos. Ele é neto do pescador Antônio do Nascimento, carinhosamente conhecido por Tonho, que está com a mão no timão, e guiava a embarcação pela procissão. A filha e mãe do aniversariante, Flávia Nascimento, conta que quando Miguel nasceu, o avô fez muita festa. “Imagina. Todo pescador é devoto da Nossa Senhora dos Navegantes. E o Miguel nasceu bem no dia da santa. O pai ficou muito feliz. Disse que era um milagre de Deus”, relembra. “Todos os anos tem bolo, mas também tem procissão”, finaliza.
Três dias de celebração
A procissão marítima encerrou as tradições da festa de Nossa Senhora dos Navegantes, que começou na sexta-feira (31) com a procissão terrestre. A festividade centenária acontece desde 1921 em Garopaba. Centenas de fieis se reuniram durante três dias em um rito de manifestação de fé. Neste ano, a festa também contou com missas na igreja Matriz e São Joaquim e almoço festivo. Com o apoio da Prefeitura de Garopaba, o evento ganhou apresentações musicais no palco montado à beira-mar da Praia Central. Entre as atrações, destaque para a banda catarinense Iriê, além da apresentação de artistas locais como Trio da Terra, Zona MBG, Jô Reis, Karen Rosa, Douglas Ramos e Eduardo Cardoso.
Corrida de Canoa
Linda. Camponesa. Gislaine. Ana Paula. Kira. Marilene. Rosana. Dos búfalos e Totó. Esses são os nomes das canoas de um pau da Corrida de Canoas. Ao todo, participaram 120 pescadores, entre patrões, remadores, chumbereiros e estivadores. Cada um representava a comunidade de onde o rancho de pesca está localizado. E veio gente de todos os cantos, da Gamba ao Ouvidor. Durante a disputa, cada embarcação tinha que navegar 1700 metros no mar. Para fechar, de volta à terra, o chumbereiro saia correndo de dentro da canoa para tocar o sino. Vencia quem fizesse o trajeto em menos tempo.
E por mais uma edição, a canoa Camponesa, do bairro Capão, fez o melhor tempo: 6 minutos 58 segundos e 3 centésimos. A vitória a coroou como bicampeã da disputa. O patrão Lúcio Botelho ficou feliz com a vitória . “Remamos demais! Hoje os rapazes tiraram a preguiça do couro e fomos campeões”, comemora. Como premiação, foi dividido 4 mil reais entre cada embarcação. “A gente está muito feliz. E agora, o churrasco da vitória já está garantido”. A canoa Marilene, da Gamboa, foi a vice-campeã, com 7 minutos e zero segundos e 8 centésimos.
Fonte: Assessoria/PMG
