Pescadores da região realizaram um protesto na tarde desta sexta-feira (1º) para cobrar agilidade nas obras de desassoreamento da Barra do Camacho. Eles questionam a demora da Prefeitura de Jaguaruna em concluir o processo licitatório e contratar a empresa que vai realizar o serviço.
O canal está assoreado mais uma vez e prejudicando a atividade desses trabalhadores. “Hoje nós estamos vivenciando o defeso do camarão. E para que a produção do camarão, com a produção que eles possam ter sustentabilidade, a barra precisa estar aberta. Essa é a maior preocupação do pescador no momento”, pontua Maria Aparecida dos Santos, presidente da União da Associação de Pescadores da Ilha (UAPI). “Outra coisa que a gente sente também é que muitos falam que vão sair do estado e vão para o Rio Grande do Sul para tentar se sustentar dentro da pesca artesanal. Tudo isso é a carência de uma barra aberta”, acrescenta.
O pescador Adilson de Medeiros, que vive da pesca há 32 anos no Camacho, relata que tem sofrido para se manter nos últimos meses devido ao assoreamento do canal. “Muitas pessoas, hoje em dia, pra conseguir o alimento, pôr na mesa, pagar as suas continhas, que todo mundo tem, já não está conseguindo mais”, relata.
A empresa que vai fazer as obras de desassoreamento e enrocamento da barra do Camacho deveria ter sido conhecida no último dia 20, o que não ocorreu. Segundo a prefeitura, o adiamento aconteceu por causa do grande número de empresas que participaram da licitação. Foram 14 ao todo. O diretor de planejamento do município, Rodrigo Mendonça, explica que a análise dos documentos atrasou o processo.
“O volume de material a ser estudado e avaliado pela equipe técnica da prefeitura, do pessoal da licitação, do jurídico e de engenharia se tornou gigantesco. Esse fato foi o que culminou em nós darmos uma pausa no processo. Nós, aqui do departamento de planejamento, pegamos tudo o que é da engenharia pra fazer a avaliação. O pessoal da licitação, junto com o jurídico, fez toda a avaliação do cadastramento das empresas. Já está tudo digitalizado e colocado na internet para que as empresas possam estudar os seus concorrentes”, explica Rodrigo.
A expectativa é de que, concluída esta etapa, na próxima semana o processo tenha andamento. “Até este momento nenhuma empresa foi retirada, as documentações estão corretas. Nenhuma outra empresa entrou com impugnação ou com algum recurso. Por enquanto, todas estão no páreo para essa obra. Imagino que segunda-feira o pessoal da licitação vai fazer a comunicação, já com uma data, para que as empresas venham e finalizem o processo licitatório e tão logo comece as obras de fato”, diz Rodrigo.
Com a Barra do Camacho assoreada, os peixes não conseguem vir do mar para a lagoa. Centenas deles têm morrido no local por falta de oxigenação. Isso acontece pela seca e a maré baixa. Essa situação prejudica os pescadores que dependem da pesca pra sobreviver.
No começo de julho deste ano, o Governo do Estado repassou R$ 10 milhões para a prefeitura de Jaguaruna fazer o desassoreamento e o enrocamento da Barra do Camacho. A licitação está dividida em dois lotes: o primeiro é a dragagem, que está orçada em R$ 4.983.301,09, com prazo de execução de 180 dias; o segundo é o enrocamento, com orçamento previsto de R$ 5.036.836,72 e mais 180 dias para conclusão.