Defesa de Mauro Cid pede manutenção da delação premiada ao STF
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A defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, pediu nesta terça-feira (2) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a manutenção do acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal (PF) nas investigações sobre a trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022.

Durante sustentação oral no julgamento, o advogado Jair Alves Pereira rebateu as acusações de outros réus citados nos depoimentos e afirmou que o militar não foi coagido a delatar. As suspeitas surgiram após a divulgação, pela revista Veja, de áudios em que Cid insinuava ter sido pressionado a citar Bolsonaro e demais acusados.

“Em nenhum momento ele especifica que falou isso. Ele confronta as ideias e a investigação, o que é normal e legítimo dentro de um Estado Democrático de Direito”, declarou Pereira.

Na ação penal, Cid figura como delator e réu. O acordo prevê benefícios como possibilidade de responder em liberdade e redução de pena em caso de condenação. O advogado também negou que o militar tivesse participação no chamado ‘Plano Punhal Verde-Amarelo’, documento apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um projeto de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.

Segundo Pereira, o militar apenas recebeu o arquivo no celular, sem envolvimento direto nas discussões sobre o plano. “Peço a confirmação da colaboração premiada, com todos os benefícios ajustados, nos termos das nossas alegações finais”, concluiu.

A sessão prossegue com as sustentações dos demais advogados. A expectativa é que o julgamento se estenda por oito sessões, entre os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. A votação sobre a condenação ou absolvição dos réus deve começar nas próximas datas.


Quem são os réus?

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República
  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin, atual deputado federal
  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do DF
  • Augusto Heleno – ex-ministro do GSI
  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto – ex-ministro da Defesa e candidato a vice em 2022
  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Crimes em análise

Os réus respondem no STF por:

  • Organização criminosa armada
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Golpe de Estado
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça
  • Deterioração de patrimônio tombado

No caso de Alexandre Ramagem, parte das acusações foi suspensa devido ao mandato parlamentar. Ele responde apenas por três crimes: golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

As penas, em caso de condenação, podem ultrapassar 40 anos de prisão, a depender do grau de participação de cada acusado.