Irmãos são condenados pela morte de adolescente na Serra Catarinense

Após um extenso julgamento com duração de 20 horas, o Ministério Público obteve a condenação de dois irmãos pelo assassinato de uma adolescente de 14 anos na região da Serra Catarinense, em 2021. Os jurados acolheram a denúncia apresentada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), reconhecendo a participação do homem de 23 anos e da mulher de 20 anos no planejamento e execução do homicídio, que resultou na vítima amarrada a uma árvore e coberta por folhas em uma área de mata. Um adolescente também foi cúmplice no crime.

O homem foi condenado a 23 anos e 6 meses de reclusão em regime fechado por homicídio qualificado com quatro agravantes (feminicídio, motivo torpe, emprego de recurso que dificultou a defesa e meio cruel), além dos crimes de ocultação de cadáver e corrupção de menor. Após a decisão, ele retornou à Penitenciária de Curitibanos, onde já estava preso preventivamente. Por sua vez, a mulher recebeu uma sentença de 6 anos de reclusão por homicídio simples e obteve o direito de recorrer em liberdade. Devido ao segredo de justiça, os nomes dos réus e da vítima não foram divulgados.

O julgamento ocorreu na Câmara de Vereadores de Campo Belo do Sul, tendo início às 9h de terça-feira e se estendendo até as 5h de quarta-feira. A acusação foi conduzida pela Promotora de Justiça Cassilda Santiago Dallagnolo e pelo Promotor de Justiça Ricardo Paladino, membro do Grupo de Atuação Especial do Tribunal do Júri (GEJURI). A comunidade local compareceu em grande número para acompanhar o desfecho do caso, e alguns tiveram que ficar do lado de fora devido à capacidade limitada do espaço. Familiares e amigos próximos da vítima demonstraram apoio usando camisetas com sua foto e a frase “violência contra a mulher não tem desculpa, tem lei”.

Durante o julgamento, o policial civil Paulo Sérgio Ramos Batista, responsável pelas investigações, prestou depoimento por mais de duas horas, apresentando um relatório abrangente com as provas coletadas ao longo do processo. Ele afirmou não ter dúvidas quanto à participação dos irmãos no crime.

Emocionada, a mãe da vítima, Keli Taques, relembrou os fatos e desabafou sobre a perda irreparável: “Tiraram uma parte de mim. Minha alegria se foi para sempre. Aquele dia fica martelando na cabeça o tempo todo. É impossível esquecer”, afirmou, chorando. O pai, Valdir Krindges, também expressou sua angústia diante da perda da filha e pediu por justiça: “Mataram minha menina de forma covarde. Todos os dias tento encontrar forças para seguir em frente, e espero que eles paguem pelo que fizeram”.

O caso teve início em 2018 quando Ana Kemilli, então namorada de um dos acusados e cunhada da irmã do réu, decidiu terminar o relacionamento e se afastar de ambos. O homem, não aceitando o término, passou a assediar a adolescente, rondando sua casa com uma arma e enviando ameaças pelo WhatsApp. Segundo a acusação, a obsessão do homem e a rejeição motivaram o crime. Em 8 de fevereiro de 2021, ele teria planejado e executado o homicídio com a ajuda de sua irmã e do adolescente.

No dia do crime, a mulher foi até a casa de Ana Kemilli sob o pretexto de conhecer seu irmão mais novo. No final da tarde, ela pediu à adolescente que a acompanhasse por parte do trajeto de volta. Ambas caminharam juntas por aproximadamente 800 metros antes de se despedirem. Ao retornar para casa, a vítima foi abordada pelo adolescente e convencida a seguir até uma área de vegetação, onde o ex-namorado a esperava. A adolescente foi forçada a adentrar a mata, sendo amarrada a uma árvore e estrangulada até a morte. O corpo foi descoberto dois dias depois por moradores locais após uma intensa busca envolvendo amigos, familiares e autoridades de segurança.

As investigações da Polícia Civil levaram à prisão do adolescente, que confessou o crime, mas evidências adicionais apontaram a participação de pelo menos mais uma pessoa. O homem foi preso preventivamente em junho de 2021 e permaneceu detido no Presídio Masculino de Lages, aguardando o desfecho do processo. Sua irmã foi indiciada por envolvimento no homicídio.

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