Na região de São Pedro, em Urussanga, uma história de dedicação à vitivinicultura segue sendo escrita por mãos que carregam não apenas o conhecimento técnico, mas também o legado de um sonho familiar. Franck De Noni, atual responsável pela Vinícola De Noni, é hoje o nome à frente da produção de cerca de 100 mil litros de vinho por ano. Ao lado do irmão e da mãe, ele conduz o empreendimento que teve início com seu pai, ainda na década de 1980.
Foi em 1987 que o patriarca da família começou a fazer vinho, inicialmente como funcionário de outra vinícola local. Depois de uma breve passagem pela Epagri, decidiu fundar seu próprio negócio. Em 2004, nasceu oficialmente a primeira safra da Vinícola De Noni. Desde então, a produção segue firme, baseada em uvas adquiridas de produtores terceirizados – parte delas da Serra Catarinense e parte do Rio Grande do Sul.
A vinícola trabalha com uma variedade significativa de rótulos, entre vinhos coloniais, guete, moscato, cabernet, merlot e malbec. A uva guete, típica da região de Urussanga, é considerada o carro-chefe da produção e responde por cerca de 20 mil litros anuais. “É uma uva delicada, exige mais cuidados, mas é muito valorizada”, explicou Franck.
Apesar da diversidade, a vinícola ainda atua com estrutura reduzida. O trabalho é executado por membros da própria família e alguns funcionários próximos. “Preferimos trabalhar com pessoas conhecidas, porque o treinamento leva tempo e a safra acontece em um período curto, entre janeiro e março”, destacou o empresário.
Entre os desafios enfrentados pelo setor, Franck destaca a carga tributária. Segundo ele, o vinho ainda é tributado como bebida alcoólica, e não como alimento, o que dificulta o crescimento de pequenos produtores. “Se houvesse uma diferenciação tributária, isso estimularia novos empreendedores e facilitaria a ampliação da produção”, avaliou.
A produção da Vinícola De Noni contempla ainda espumantes terceirizados em parceria com vinícolas do Rio Grande do Sul, como a Basso. “Mandamos o vinho para lá em tanques, eles engarrafam e nos devolvem prontos. Isso ocorre apenas nos casos de espumantes, em que há necessidade de injeção de gás”, explicou Franck.
Já os vinhos mais encorpados, como cabernet, merlot e malbec, ficam armazenados por até três anos em tanques de inox antes de estarem prontos para comercialização. Esse tempo é essencial para garantir a qualidade do produto final. O processo inclui diversas etapas de trasfegas – transferências entre tanques – para retirada da borra formada durante a fermentação. Ao final, um produto específico é adicionado para clarificação antes da filtragem.
Com mais de 100 mil litros produzidos anualmente, a Vinícola De Noni se consolida como uma representante do enoturismo e da produção artesanal de vinhos em Santa Catarina. A paixão pela vitivinicultura permanece como marca da família, que, mesmo diante dos entraves do setor, segue cultivando com orgulho o legado deixado por seu fundador.
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