Tradição centenária e inovação: Vinícola Trevisol mantém viva a herança italiana em Urussanga
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Na localidade de Rio Caeté, no município de Urussanga, a história da vitivinicultura se confunde com a trajetória da família Trevisol. Há mais de um século envolvida com a produção de uvas e vinhos, a família é considerada a mais antiga de Santa Catarina neste ramo. O empresário Gilmar Trevisol, atual responsável pela Vinícola Trevisol, recorda que tudo começou com a chegada de seus bisavós, vindos da Itália em 1883. A família se estabeleceu em terras uruçanguenses e, pouco tempo depois, iniciou o cultivo de uvas, dando origem a uma tradição que perdura há mais de 140 anos.

A variedade que melhor se adaptou ao solo da região foi a uva Goethe, reconhecida por sua raridade e tipicidade. Exclusiva da região de Urussanga, ela possui denominação de origem, uma certificação que garante sua autenticidade geográfica. Com ela, a vinícola passou a produzir vinhos brancos que ganharam reconhecimento nacional. A linha Casa Del Sol, considerada a mais nobre da vinícola, reúne rótulos premiados, tanto com uvas Goethe quanto com uvas viníferas como Cabernet Sauvignon e Merlot.

Gilmar explica que, até o ano 2000, a produção ocorria no formato da agricultura familiar, com os Trevisol também envolvidos na fabricação de queijos e salames. Foi a partir desse período que a família decidiu investir exclusivamente na vinicultura. “Começamos a produzir com mais foco, buscar parcerias para o fornecimento das uvas e investir em estrutura”, destaca. Atualmente, a vinícola produz cerca de 180 mil litros de vinho e 70 mil litros de suco por ano, além de uma pequena produção de grapa, destilado típico feito a partir das cascas da uva.

Para acompanhar o crescimento da vinícola, a produção de uvas passou a ser terceirizada. As variedades comuns, como Isabel, Niágara e Bordeaux, vêm do Rio Grande do Sul, enquanto as viníferas Merlot e Cabernet são fornecidas por produtores da Serra Catarinense. Já a Goethe continua sendo cultivada por uma família parceira de quarta geração em Azambuja.

Outro desafio enfrentado é a dificuldade de mão de obra, especialmente por conta do êxodo de jovens uruçanguenses para o exterior, facilitado pela dupla cidadania italiana. Para suprir a demanda, a vinícola tem recorrido a migrantes de outros estados brasileiros.

Além da produção de vinhos, a Vinícola Trevisol expandiu suas atividades para o turismo e a gastronomia. Durante a pandemia, a procura por experiências locais cresceu, o que incentivou a família a oferecer almoços típicos e cafés coloniais sob reserva. Os visitantes podem saborear pratos como galinha com polenta, fortaia, costelinha de porco e massas caseiras. Aos fins de semana, há também degustações harmonizadas e até piqueniques à beira do lago da propriedade.

O atendimento ocorre dentro da própria vinícola, o que torna a experiência ainda mais imersiva. Antes das refeições, os grupos são guiados por um tour que percorre a história da família e o processo de produção. “É um verdadeiro túnel do tempo”, define Gilmar.

Com tradição, reconhecimento e um olhar atento às oportunidades, a Vinícola Trevisol segue consolidando sua marca, preservando a cultura dos imigrantes italianos e oferecendo ao público uma experiência completa, que une sabor, memória e identidade.