O consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol preocupa autoridades de saúde no Brasil. O Ministério da Saúde confirmou, nesta sexta-feira (3), 113 notificações de possíveis casos de intoxicação: 11 confirmados e 102 em investigação. Para enfrentar a situação, pesquisadores de universidades públicas brasileiras desenvolveram diferentes métodos capazes de identificar rapidamente a presença da substância tóxica em destilados como cachaça, vodka e tequila.
Laboratório da UFPR oferece análises gratuitas
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear abriu atendimento ao público para verificar suspeitas em bebidas alcoólicas. Segundo o professor Kahlil Salome, cada amostra pode ser analisada em até cinco minutos.
“Colocamos o líquido em um tubo, e o equipamento devolve um gráfico com linhas. Uma delas aponta diretamente o metanol”, explica o pesquisador. O exame usa apenas 0,5 ml da bebida e pode identificar adulterações mesmo em líquidos com corantes ou frutas.
Método patenteado pela Unesp
Pesquisadores do Instituto de Química da Unesp, em Araraquara, também desenvolveram um método para detectar o metanol. A técnica, registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) em 2022, transforma a substância em formol e depois em uma solução colorida, visível em até 15 minutos.
Startup criada na UnB leva testes ao mercado
Na Universidade de Brasília (UnB), estudos iniciados em 2013 resultaram na criação de uma empresa especializada na detecção de metanol. A startup Macofren fornece kits de análise a instituições governamentais e empresas privadas. O químico Arilson Onésio Ferreira alerta que apenas 30 ml da substância podem ser fatais.
O kit custa cerca de R$ 50, e cada teste adicional sai em torno de R$ 25. Desde o agravamento da crise, mais de 200 empresas aguardam na fila para aquisição, incluindo organizadores de eventos que desejam garantir a segurança das bebidas oferecidas ao público.
Risco à saúde
O metanol é altamente tóxico e pode provocar cegueira e até a morte. Por não alterar o sabor ou o cheiro das bebidas, sua presença só pode ser confirmada por exames específicos. Pesquisadores destacam que, diante de qualquer suspeita, é fundamental não consumir o produto e buscar apoio em laboratórios habilitados.





