Com meio século de história, a Vinícola Damian, localizada em Urussanga, no Sul de Santa Catarina, vive um momento de consolidação e prestígio. Fundada inicialmente como Vinícola Casa Del Nonno, a empresa passou por um processo de rebranding e agora carrega o nome da família à frente da produção, fortalecendo a identidade regional e elevando o reconhecimento da marca. À frente da administração está Mateus Damian, enólogo de formação, que une tradição familiar à formação técnica e à experiência internacional para conduzir a vinícola em uma nova fase.
Em entrevista ao programa Estúdio de Inverno, Mateus destacou os principais diferenciais do trabalho desenvolvido nos Vales da Uva Goethe, enfatizando o quanto a produção vinícola difere de outras indústrias. Segundo ele, a vinificação é um processo que exige preparo constante e atenção máxima ao tempo certo de cada etapa. “É uma indústria em que a matéria-prima vem uma vez por ano e é extremamente sensível. Trabalhamos o ano inteiro para colher em um momento específico, e não podemos errar”, explica.
A Vinícola Damian é especializada na produção da uva Goethe, uma variedade desafiadora e ao mesmo tempo única, cultivada majoritariamente na região. A fruta exige cuidados rigorosos desde o vinhedo até a vinificação, com atenção especial ao controle de pragas, colheita manual e proteção contra oxidação. “A uva Goethe precisa ser colhida e processada quase imediatamente, porque oxida muito rápido. É o que chamamos de uva quilômetro zero”, relata Mateus.
A dedicação e o rigor técnico se traduzem em resultados expressivos. Os espumantes elaborados pela vinícola, por exemplo, foram premiados com medalha de ouro em um dos principais concursos do país, atestando a qualidade da bebida elaborada com 100% de uva Goethe. “Essa premiação nos coloca no mesmo patamar de grandes espumantes nacionais. Trabalhamos com o método champenoise, o mesmo utilizado na região de Champagne, na França, onde a segunda fermentação ocorre dentro da própria garrafa”, afirma o administrador.
Além dos espumantes, a vinícola produz vinhos tintos, brancos e uma aguardente destilada da casca da uva, chamada de grapa. “É um trabalho que exige tecnologia e dedicação. Meu pai e meu avô chegaram a ir três vezes à Itália para estudar o processo e projetar o alambique”, recorda Mateus.
Outro ponto de destaque é o terroir da região. O solo rico em enxofre, o microclima formado entre a Serra Geral e o litoral e a ação dos ventos oceânicos compõem um cenário propício para a produção de vinhos com características singulares. “O vento marítimo, por exemplo, contribui para um toque mineral nos vinhos, algo percebido por sommeliers mais experientes”, explica o especialista.
A Vinícola Damian também se diferencia pela pesquisa contínua. Segundo o administrador, a empresa testa diferentes tipos de barricas, leveduras e tempos de maturação, sempre em busca de inovações que valorizem a uva Goethe. “Acreditamos no potencial dessa variedade e estamos empenhados em elevar a qualidade e o reconhecimento dos vinhos da nossa região”, conclui.
Em meio a uma trajetória construída com esforço intergeracional, conhecimento técnico e respeito à natureza, a Vinícola Damian reafirma seu papel como um dos pilares da vitivinicultura catarinense. Uma história que, ao que tudo indica, ainda reserva muitas colheitas memoráveis.






