No dia 15 de agosto deste ano, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), em Florianópolis, será palco de uma importante audiência pública para debater um projeto de lei que visa alterar o hino do estado. A proposta, apresentada pelo deputado Ivan Naatz (PL) em fevereiro deste ano, tem gerado reações e críticas entre parlamentares e pessoas ligadas à cultura.
O objetivo do projeto é realizar um concurso para eleger uma nova música, cuja letra destacaria as “belezas naturais, a cultura catarinense e sua história”. De acordo com o deputado Naatz, a iniciativa não busca desrespeitar a importância do hino atual, mas sim proporcionar uma melhor tradução da história do povo catarinense. O hino atual foi composto em 1892, com letra de Horácio Nunes Pires e música de José Brazilício de Souza, e tornou-se a canção-símbolo do estado em 1895.
Naatz argumenta que muitos catarinenses desconhecem o hino e não sabem cantá-lo, afirmando que a letra nunca caiu no gosto e na memória popular. Ele ainda destaca que o hino, por ter sido escrito em um contexto histórico e político específico no século XIX, não reflete os valores e potencialidades do povo catarinense nos dias atuais.
A audiência pública tem como objetivo ouvir sugestões para a formação do edital do possível concurso e também para a composição da comissão especial que seria responsável por escolher o novo hino. O vencedor do concurso receberia um prêmio cujo valor ainda será discutido.
A questão tem gerado opiniões divergentes. O presidente do Conselho Estadual de Cultura, Luiz Moukarzel, considera o hino atual como um dos mais avançados do Brasil devido ao seu caráter abolicionista. Ele defende que a canção é motivo de orgulho para os catarinenses, simbolizando modernidade e uma visão de estadista.
Por outro lado, o músico e escritor André Felipe Carpes acredita que o debate em relação ao hino é necessário, elogiando a parte musical da canção, mas argumentando que a letra não faz menção específica ao Estado, sua história ou a realizações de catarinenses ilustres, tornando-a genérica. Carpes também lembra que outros estados brasileiros e até países já modificaram suas canções-símbolo ao longo da história.
Essa não é a primeira vez que uma proposta de mudança no hino é discutida na Alesc. Em 2010, o deputado Gilmar Knaesel (PSDB) apresentou uma iniciativa semelhante, mas a ideia foi rejeitada pelo Conselho Estadual de Cultura.
A questão promete ser debatida com intensidade na audiência pública do dia 15 de agosto, com argumentos e visões distintas sobre o tema. A possibilidade de uma nova música que represente as características e identidade do povo catarinense estará em pauta, com o objetivo de encontrar uma solução democrática e representativa para a mudança do hino de Santa Catarina.
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