Crônica: O Preconceito que Insiste em Persistir

Recentemente, o nome de Giovana Ewbak ganhou os noticiários por uma causa judicial que, de tão esperada, soou como uma vitória pessoal e coletiva. A justiça foi feita para sua filha Titi, que havia sofrido preconceito racial. Mas, por mais que esse momento seja celebrado, ele revela uma verdade amarga: o preconceito racial continua sendo uma sombra persistente em nossa sociedade.

É fascinante como, mesmo após décadas de lutas e conquistas, o preconceito ainda se perpetua em forma de olhares, comentários e atitudes que não desapareceram com a evolução social. O racismo, ao contrário do que muitos podem pensar, não é um problema que se resolve apenas com uma decisão judicial. É uma praga enraizada que, mesmo quando aparentemente derrotada, sempre encontra um novo esconderijo para manifestar sua força.

A vitória de Giovana não é um ato isolado de justiça; é um lembrete pungente de que as cicatrizes do preconceito são profundas e exigem mais do que um veredito favorável para serem curadas. O preconceito racial não se limita a ataques visíveis e explícitos, ele também se disfarça em sutilezas, em pequenos gestos de desdém e em palavras não ditas que ecoam mais alto do que se imagina.

O caso de Titi é emblemático, mas não é único. É um reflexo de um cenário que muitas vezes preferimos ignorar, mas que persiste em moldar a vida de muitos. Cada denúncia, cada causa ganha, cada batalha travada, é uma gota em um oceano de injustiças que continua a crescer.

Precisamos entender que a justiça não é uma conquista final, mas uma jornada contínua. É preciso que a mudança venha não apenas dos tribunais, mas de cada um de nós. Da nossa capacidade de olhar para dentro e confrontar os preconceitos que carregamos, da coragem de educar nossas crianças para serem agentes de mudança e da determinação em transformar a sociedade.

Giovana Ewbak e sua filha Titi nos lembram que a luta contra o preconceito racial é uma batalha diária, que exige vigilância e ação constante. Sua vitória judicial é um passo importante, mas é apenas uma parte de um caminho mais longo que precisa ser percorrido. Enquanto houver espaço para o preconceito em nossas mentes e corações, a batalha estará longe de terminar.

Então, ao celebrarmos as vitórias como a de Giovana, que possamos também nos comprometer a enfrentar os preconceitos que persistem nas pequenas e grandes atitudes do cotidiano. A verdadeira mudança começa quando nos tornamos conscientes do que ainda precisa ser transformado, e cada vitória é um lembrete de que, apesar dos desafios, a esperança de um mundo mais justo e igualitário deve sempre prevalecer.