Santa Catarina formaliza 100 mil novos MEIs em 12 meses
Foto: Jonatã Rocha/SECOM

Santa Catarina registrou a criação de mais de 100 mil Microempreendedores Individuais (MEIs) entre maio de 2024 e maio de 2025, segundo dados da Junta Comercial do Estado (Jucesc). O número, considerado recorde, foi divulgado nesta terça-feira, 27, data em que se comemora o Dia do Profissional Liberal. Ao todo, o estado ultrapassou a marca de 812 mil MEIs com CNPJ ativo.

O aumento reflete a movimentação de trabalhadores em busca de alternativas para garantir renda própria. Em um cenário de alta no custo de vida, muitos catarinenses passaram a ver no empreendedorismo uma saída mais viável do que o mercado formal de trabalho tradicional. O saldo positivo se deu mesmo com o encerramento de quase 100 mil registros no mesmo período, o que reforça a rotatividade e a instabilidade desse tipo de atuação.

Segundo o Governo do Estado, a expansão se deve ao ambiente favorável à atividade econômica. Programas como o MEI Juro Zero, que oferece microcrédito com isenção de juros para quem mantém os pagamentos em dia, têm sido apontados como facilitadores na formalização. Só em 2024, mais de R$ 100 milhões foram movimentados por meio da linha de crédito. No entanto, especialistas alertam que a formalização via MEI, muitas vezes, é um reflexo da informalidade e da falta de opções com carteira assinada.

O governador Jorginho Mello afirma que Santa Catarina é um estado empreendedor por natureza, e que o governo tem atuado para ampliar o crédito e desburocratizar a abertura de empresas. Já o secretário de Indústria, Comércio e Serviço, Silvio Dreveck, destaca que a formalidade permite aos profissionais acesso a serviços e segurança jurídica. Mas ele também reconhece que, em muitos casos, o MEI é a única alternativa para trabalhadores que enfrentam dificuldades no mercado formal de emprego.

O crescimento dos MEIs foi mais expressivo nas maiores cidades do estado, como Joinville, Florianópolis, Blumenau e São José. São municípios onde o custo de vida é mais alto, o que também pode explicar o aumento na procura por alternativas autônomas de trabalho. Segundo o IBGE, o rendimento médio dos autônomos no estado já ultrapassa os R$ 4 mil mensais, número que atrai quem busca mais autonomia financeira, embora nem todos consigam alcançar esse patamar de forma imediata ou sustentável.

Apesar do otimismo governamental, o dado também levanta questionamentos sobre a qualidade do emprego gerado. Muitos dos novos MEIs enfrentam jornadas longas, instabilidade e ausência de garantias sociais. O avanço é inegável, mas revela também uma mudança no perfil do trabalhador catarinense, que muitas vezes está formalizado como MEI, mas atua em condições precárias ou sem previsibilidade de renda.

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