A Polícia Civil de Santa Catarina reabriu a investigação sobre a queda do balão que deixou oito mortos em Praia Grande, no Sul do Estado. A informação foi confirmada nesta terça-feira (11) pelo delegado André Coltro, que assumiu a delegacia do município e passou a conduzir o caso.
O Ministério Público (MP) solicitou novas diligências e complementações de laudos periciais. O acidente ocorreu em 21 de junho, quando o balão, que fazia um passeio turístico na região conhecida como “Capadócia brasileira”, pegou fogo durante o voo.
Nova fase da investigação
Segundo o delegado André Coltro, as novas diligências devem ser concluídas em até 20 dias.
“Foram requisitadas algumas diligências, notadamente quesitos complementares aos laudos periciais, além de uma possível reprodução simulada dos fatos”, explicou.
A reabertura ocorre um mês após o encerramento do inquérito anterior, conduzido pelo então delegado Rafael Gomes de Chiara, que havia concluído não haver indícios de crime.
Acidente com 21 pessoas a bordo
No total, 21 pessoas estavam no balão. Treze conseguiram se salvar após a queda, enquanto oito morreram — quatro ficaram carbonizadas no cesto e outras quatro morreram em decorrência do impacto com o solo.
O passeio era operado pela empresa Sobrevoar, que, à época, afirmou ter suspendido as atividades e destacou que “o piloto tentou salvar todos a bordo”. O Brasil ainda não possui regulamentação federal específica para o balonismo comercial.
Troca de delegado e exoneração
A reabertura do caso acontece logo após a exoneração do delegado Rafael Gomes de Chiara, responsável pela primeira investigação. A demissão foi publicada no Diário Oficial do Estado na sexta-feira (7).
Segundo o Governo de Santa Catarina, a medida foi motivada por infrações disciplinares e ato de improbidade administrativa, envolvendo o uso indevido de viatura oficial, publicações ofensivas à Corregedoria e ausências injustificadas ao serviço.
Já a defesa de Chiara afirmou, em nota, que a exoneração foi resultado de retaliação política após ele se recusar a fazer indiciamentos sem base legal no caso do balão.
“A coincidência entre a divulgação do relatório e a retomada de processos administrativos antigos revela uma tentativa de perseguição funcional”, diz o texto assinado pela advogada Francine Kuhnen.
Resposta da Polícia Civil
Em nota, a Polícia Civil negou qualquer relação entre a exoneração e o inquérito sobre a queda do balão. A corporação afirmou que os processos administrativos contra o delegado foram instaurados e concluídos antes do acidente e que a decisão do governo seguiu todos os trâmites legais.
“Reduzir toda essa tramitação administrativa ao inquérito policial é adotar exclusivamente a versão da defesa. As decisões foram baseadas em apurações regulares e imparciais”, destacou a instituição.
A Polícia Civil reforçou ainda o compromisso com a legalidade e a transparência, lembrando que outro delegado também foi demitido no mesmo dia, dentro do mesmo procedimento de avaliação disciplinar.






