Exposição fotográfica resgata registros históricos de Jaguaruna e região
Foto: Montagem Projeto Gentil Memória

Sem jornal impresso ou televisão, o fotógrafo Gentil Reynaldo documentou o cotidiano da região de Jaguaruna, durante os anos de 1940 e 1980, através da fotografia. São mais de 80 mil negativos em chapas de vidro e películas de plásticos, que são preservados pelo projeto Gentil Memória, iniciativa que resgata o valor histórico e cultural da região Sul de Santa Catarina, por meio da conservação, digitalização, catalogação e pesquisa do acervo de Gentil. 

Agora, todo esse material faz parte de uma exposição aberta à comunidade. A Mostra Gentil Memória será aberta nesta sexta-feira (27) e segue até o dia 24 de setembro no Clube 1º de Janeiro, no centro de Jaguaruna. “É um canal entre a população, seu patrimônio e o imaginário coletivo. É através desse olhar mais de perto do acervo, que as reflexões subjetivas e os diálogos vão surgir”, explica Guilherme Reynaldo, diretor e produtor do projeto.

Mostra fotográfica

Se por um lado as agressões climáticas, infelizmente, inutilizaram alguns negativos devido ao seu avançado grau de decomposição, por outro lado, a limpeza e a catalogação realizadas pelo projeto traz à tona milhares de imagens jamais antes reveladas.  E é no resultado desses processos, que as principais fotografias restauradas já foram selecionadas para compor a exposição fotográfica.

Dentre os registros feitos estão desfiles, bailes, festas, solenidades políticas e religiosas, retratos, construções como a catedral, a escola, o clube social e dos diversos naufrágios e encalhes de embarcações que aconteciam próximos às praias, na região conhecida como o cemitério dos navios. “Essas fotografias imprimem a marca da presença humana sobre o território e simbolizam, visualmente, as ideias, bem como aspirações da comunidade ao longo da sua história”, completa Guilherme.

No contato do público com as fotos da exposição, a comunidade poderá contribuir com a pesquisa sobre o acervo ao reconhecer as datas, os lugares e as pessoas que estampam os registros fotográficos. Dar nome aos rostos documentados é fundamental, visto que, além de ser um dos meios para a população se sentir parte do enredo histórico brasileiro.

A programação da mostra conta ainda com palestras, oficinas, exibições de documentários e rodas de conversa. Todas as atividades serão feitas de forma gratuita. As inscrições são limitadas para respeitar os protocolos referentes à covid-19.

O projeto Gentil Memória foi contemplado na categoria “Patrimônio Material” do Edital Elisabete Anderle da Fundação Catarinense de Cultura, edição 2019 e 2020.

Gentil Reynaldo

Nascido em 25 de outubro de 1922 na comunidade do Camacho, em Jaguaruna, o menino Gentil criou-se na companhia dos seus cinco irmãos. Com eles, ajudava seus pais no comércio e na agricultura, onde trabalhavam. Mas foi a criatividade e a habilidade para a música que marcou a infância dessas crianças. Na adolescência, Gentil e seus irmãos formaram o conjunto “Seis Irmãos” e abrilhantaram festas e bailes na região por muitos anos. 

Foto: Projeto Gentil Memória

Aos 18 anos, Gentil comprou sua primeira câmera, uma lambe-lambe. Foi então que abraçou a fotografia. A partir daí, a região Sul catarinense começava a conhecer os registros desse fotógrafo que, através de imagens, descreveu a evolução histórica de toda a sua gente. “Ele era dotado de uma veia artística inquestionável, possuía um fino trato com todas as pessoas que o cercavam. Tinha muito prestígio. Era uma pessoa que podia ser definida pelo próprio nome: Gentil”, destaca o filho Gilson Rocha Reynaldo.