Pesquisa vai desenvolver produto a partir do reaproveitamento das cinzas do carvão mineral
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Uma pesquisa que começará a ser desenvolvida pelo Centro Universitário UniSatc, em Criciúma, trará novas utilidades para as cinzas geradas com a queima do carvão mineral do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo. O estudo envolve o uso de zeólitas sintéticas (espécie de filtro de toxinas) em três aplicações: captura de CO2, fertilizantes e detergentes.

O projeto é uma parceria entre a Satc e a Diamante Geração de Energia. Serão investidos cerca de R$ 5,4 milhões, aplicados em três anos de estudos. A formalização do início do trabalho de pesquisa ocorreu na última semana. O ato contou com a participação diretor executivo da Satc, Fernando Luiz Zancan, e o CEO da Diamante, Pedro Litsek.

A primeira fase da pesquisa consiste na criação de uma planta-piloto que será construída no Centro Tecnológico Satc (CTSatc). Ela permitirá que a equipe multidisciplinar faça os estudos iniciais. As zeólitas sintéticas tem como matéria-prima principal as cinzas do carvão mineral, que é resultado da queima do carvão no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda.

“Há empresas no mercado que comercializam zeólitas naturais. Nós estamos trabalhando com a sintética, que existe no mercado internacional, mas no brasileiro restringe-se apenas ao setor de refino de petróleo”, explica o pesquisador da Satc, Thiago Fernandes de Aquino.

De acordo com o CEO da Diamante, Pedro Litsek, a importância da planta-piloto vem de encontro a transição energética justa, e com a diminuição da emissão de CO2. “Esse projeto possui grande relevância no momento que estamos vivendo, especialmente depois da promulgação da Lei 14.299, que estabeleceu o programa de transição justa. Temos aqui não só um caminho para captura do CO2, mas também para o uso mais nobre das cinzas produzidas no processo de queima do carvão”, explica Litsek.

Aplicabilidade das zeólitas

A equipe que será montada para atuar no projeto é multidisciplinar e terá mais de 10 participantes. Com o conhecimento diverso, os pesquisadores farão os testes para aplicabilidade. Uma das funções envolve a captura de gás carbônico, emitido na produção industrial. “Queremos replicar os resultados obtidos nos testes de bancada e criar um adsorvente de baixo custo com foco na inserção de mercado”, ressalta Aquino.

Outro aspecto da pesquisa é a utilização na indústria de detergentes. As empresas do segmento fazem o uso da zeólita no processo produtivo. Conforme o pesquisador, na Europa e América do Norte essa aplicação é mais comum.

Há ainda o direcionamento para aproveitamento dos produtos zeolíticos no setor de fertilizantes. O estudo será unido a outro, já em andamento no CTSatc, e que avalia o uso da zeólita com fertilizantes de aplicação lenta. Há um contêiner que está medindo os parâmetros da aplicação em plantas num ambiente controlado. “Vamos colocar outro contêiner para aumentar o volume dos testes”, informa Aquin.