Com intuito de proteger as nascentes, conservar a biodiversidade e recuperar as áreas degradadas, o Governo de Santa Catarina instituiu o Corredor Ecológico Caminho das Nascentes. Ele possui 1.519 km de extensão e ocupa uma área de 1.716 km², contemplado 46 municípios, composto predominantemente por Áreas de Preservação Permanente.
Na região, o mecanismo abrange as nascentes que formam a bacia do Rio Tubarão e a Unidade de Conservação Parque Estadual da Serra Furada, nos municípios de Grão-Pará e Orleans. O Corredor Ecológico Caminho das Nascentes foi dividido em cinco setores para a finalidade de gestão.
O setor Campo dos Padres, que passa pela região, conecta o Parque Nacional de São Joaquim com as cumeadas dos municípios de Grão-Pará, Urubici, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima, Anitápolis, Alfredo Wagner e Bom Retiro.
Promoção da qualidade ambiental
O decreto que institui o mecanismo foi assinado pelo governador Carlos Moisés (Republicanos) e publicado no Diário Oficial na última quinta-feira (22). Após a assinatura, representantes da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE), por meio da Secretaria Executiva do Meio Ambiente (Sema), fizeram uma apresentação das áreas cobertas pelo Corredor Ecológico.
O secretário executivo da Sema, Leonardo Porto Ferreira, explica que o decreto é um mecanismo de promoção da melhoria da qualidade ambiental e tem o objetivo, também, de orientar os proprietários rurais sobre a preservação, conservação e regularização das áreas de preservação ambiental nas propriedades.
“É um momento muito importante para área ambiental de Santa Catarina, onde o governador Carlos Moisés assinou o decreto instituindo o Corredor Ecológico Caminho das Nascentes. Decreto este que traz a delimitação da área abrangida e faz uma conexão com as diversas áreas de atuação, ligando ainda o estado do Rio Grande do Sul e Paraná num corredor que visa trazer maior segurança ambiental”, explica Ferreira.
Projeto antigo
O professor emérito do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Fernando Scheibe, que desenvolve pesquisas em hidrogeologia e geografia socioambiental, presente na apresentação do Corredor Ecológico, lembrou que a ideia nasceu há muito tempo e que representa a possibilidade de tratar as águas catarinenses de uma forma cada vez mais clara, justa e competente.
“É um projeto antigo e que garante a perenidade dos rios do nosso estado, isso nos dá tranquilidade no ponto de vista da conservação, da fauna e da flora. Um caminho contínuo para todas as espécies. É importante dizer ainda que o Corredor não representa a necessidade de desapropriação de nenhuma área, representa sim, a possibilidade de difusão da fauna e da flora e a manutenção das nascentes dos nossos grandes rios de Santa Catarina”, frisou.
Santa Catarina já tem dois Corredores Ecológicos: o Corredor Chapecó e o Timbó. Ana Cimardi, bióloga e gerente de Biodiversidade e Florestas do Instituto do Meio Ambiente (IMA), explica que que a ideia agora é ter um grande Corredor que vai fazer essa ligação: vertente do interior com vertente atlântica, as águas e os animais, que tem características diferentes, em função da localização deles.
“E para 2023 temos um trabalho fundamental que é a divulgação desse Corredor para fazer a integração com os gestores municipais, isso é importante para que essa estratégia de conservação dê certo. Precisamos dos gestores municipais compreendendo bem o objetivo do Corredor e abraçando essa causa, porque só o Estado não é suficiente, esse é o nosso desafio para 2023”, avalia.