Nesta terça-feira (27) é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Na data, fica um alerta à necessidade de trabalhar a conscientização e a importância que este gesto traz, para que quem precisa de um novo órgão possa aumentar a chance de vida, ou viver com mais qualidade.
No Brasil, nos últimos dois anos, houve um aumento na fila de espera por um órgão, tanto para adultos quanto para crianças. Para se ter ideia, no segundo semestre de 2021, 45.664 brasileiros aguardavam por um transplante. Em Santa Catarina a realidade não é diferente. Em abril deste ano, 1181 pessoas esperavam por uma doação, sendo que o órgão mais procurado, com quase 50%, era o rim, seguido pelas córneas.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, é um dos hospitais do estado credenciado para a captação de órgão, que é realizado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), desde sua implantação, em 2002.
O grupo, formado por enfermeiros, médico, psicóloga e assistente social, é ligado diretamente à Central de Notificação de Captação e Distribuição de Órgãos de Santa Catarina e tem a função de realizar diariamente a busca ativa de possíveis doadores. Mas com a pandemia, a equipe também sentiu a baixa no processo, que chegou a 50%, comparando a 2019.
“Em agosto deste ano, das notificações de morte encefálica, tivemos apenas 30% de doação e 33% de recusa familiar. Em 2019, antes da pandemia, das notificações realizadas tínhamos um percentual de 64% de doações e penas 20% de recusa”, ressalta Samuel Andrade, médico intensivista do HNSC.
De acordo com ele, a intenção é sensibilizar à comunidade e conscientizar as famílias sobre a importância da doação de órgãos e que a autorização para este ato é concedida pelos familiares. Dessa forma, para que a vontade em doar após a morte seja atendida, é importante avisar a sua família sobre essa decisão e pedir que ela atenda ao desejo.
“Muitas vezes, a pessoa não manifesta aos seus familiares o desejo de ser doador de órgãos. Estima-se que para cada oito potenciais doadores no país, apenas um acabe doando de fato, por isso, é importante ampliar as ações de conscientização e de esclarecer as dúvidas em torno do processo de doação”, diz.
Como funciona
A doação de órgãos pode ocorrer após a morte encefálica ou em vida. No caso de doador vivo, a pessoa maior de idade e capaz juridicamente, pode doar órgãos a seus familiares. Para a doação entre pessoas não aparentadas é exigida autorização judicial prévia. Entre vivos podem ser doados um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.
Os potenciais doadores não vivos são pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica. Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada, e através do registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis entre os pacientes que necessitam de um transplante.
O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo doação e transplantes realizados no país, com o objetivo de desenvolver o processo de doação, captação e distribuição de órgãos, tecidos e partes retiradas do corpo humano para fins terapêuticos.
Na maioria das vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam da doação. O gesto de familiares de um mesmo doador pode beneficiar várias pessoas e, todos os anos, milhares de vidas são salvas.
