MPF tenta barrar loteamento em área de preservação na Praia de Itapirubá Sul
Foto: Divulgação Invistaaqui

Uma área litorânea situada em Itapirubá Sul, no município de Laguna (SC), voltou ao centro do debate ambiental. O Ministério Público Federal (MPF) protocolou uma ação civil pública com o objetivo de impedir a continuidade do processo de licenciamento ambiental corretivo de um loteamento instalado na região. De acordo com o órgão, o empreendimento avança sobre ecossistemas legalmente protegidos e foi desenvolvido à margem da legislação ambiental.

A ação, registrada na Justiça Federal, aponta como réus a empresa Itapirubá Internacional, o município de Laguna, a Fundação Lagunense de Meio Ambiente (Flama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a União. O MPF alega que todas essas instâncias têm responsabilidade na condução das irregularidades que resultaram na ocupação indevida da área.

Região apresenta vegetação nativa e ecossistemas sensíveis

Laudos apresentados pelo MPF sustentam a tese de que a totalidade do loteamento está sobre área de preservação permanente. Técnicos identificaram a presença de dunas, restinga e cobertura vegetal pertencente ao bioma Mata Atlântica, todos elementos característicos de zonas protegidas por lei. Partes do território afetado estariam, ainda, localizadas sobre terrenos de marinha e dentro da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, o que exigiria manifestação expressa do ICMBio antes de qualquer liberação.

Entre os prejuízos ambientais apontados estão a supressão de vegetação nativa e os impactos diretos sobre ecossistemas frágeis, considerados prioritários para a conservação.

Empreendimento remonta à década de 1960 e acumula pendências legais

O registro do loteamento data de 1964, mas, conforme o MPF, o processo nunca foi legalizado conforme as exigências urbanísticas e ambientais. Em 2002, a empresa Itapirubá Internacional adquiriu cerca de 1.600 lotes no local e iniciou obras sem a devida licença ambiental. As atividades foram embargadas pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) em 2007. Desde então, a situação jurídica do empreendimento permanece indefinida. A tramitação judicial aguarda a apresentação de estudos técnicos exigidos pela Flama.

Recomendações incluem remoção de moradores e restauração ambiental

A Procuradoria solicita à Justiça a suspensão do licenciamento e medidas para regularizar a situação fundiária. Em áreas onde não há viabilidade de legalização, o MPF propõe a realocação de moradores em vulnerabilidade social para programas habitacionais públicos ou novas unidades a serem disponibilizadas.

O pedido também prevê a recuperação dos danos ambientais causados, por meio de ações de compensação ambiental e restauração das áreas degradadas, com ônus para os responsáveis pelo empreendimento e ocupações irregulares.

Medidas judiciais pretendem proteger patrimônio natural

De acordo com o procurador da República Mário Roberto dos Santos, que assina a ação nº 5001594-48.2025.4.04.7207, o empreendimento é considerado ilegal e prejudicial ao meio ambiente. O MPF entende que a intervenção da Justiça é urgente para garantir a preservação dos ecossistemas costeiros ameaçados.