A falta de mão de obra qualificada para trabalhar nas fábricas de móveis da região é um problema que preocupa o setor. São inúmeras vagas em aberto e não há profissionais habilitados para assumi-las.
O empresário Guilherme Corrêa conhece bem essa situação. Dono de uma movelaria, ele viu a demanda aumentar depois da retomada das atividades econômicas durante a pandemia e sentiu a necessidade de contratar mais gente. No entanto, esbarrou na dificuldade de encontrar pessoas qualificadas para a função.
“Quando você anuncia uma vaga de emprego até aparecem candidatos, só que não passam porque não tem qualificação ou nunca trabalhou. É uma necessidade muito forte que nós temos hoje”, diz. Hoje, a empresa de Guilherme está com seis vagas abertas. “Você acaba tendo que prolongar os prazos e deixa de fazer uma venda, deixa de estar girando o mercado”, aponta.
O problema da falta de mão de obra qualificada no setor chegou até o Sindimad (Sindicato da Indústria da Madeira e do Mobiliário da Amurel), que representa a categoria. A demanda foi repassada para o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). A partir daí foram feitas reuniões entre as empresas, sindicatos e o próprio Senai para a criação de um curso de capacitação na área.
O projeto logo saiu do papel. No mês passado teve início o curso de Qualificação Profissional em Montador de Móveis com carga horária de 160 horas. As aulas são realizadas no Senai de Tubarão e em uma marcenaria parceira. Ao todo 18 alunos participam da formação.
Jeniffer Souza, supervisora de Educação Profissional do Senai, destaca que os estudantes estão tendo aulas teóricas e práticas que permitem um conhecimento amplo do setor. “Eles vão aprender do zero. Toda a parte de insumos, equipamentos, materiais. Tudo relacionado a confecção e a criação de um móvel. Por exemplo, eles vão desenvolver um roupeiro. Quais matérias, quais equipamentos o que precisa listar, como fazer um orçamento pra enviar para um cliente na confecção de um roupeiro”, explica.
“Dentro do curso, eles aprendem matérias especificas, que seria metrologia, relacionada a moveis, leitura e interpretação de desenho técnico. Eles têm uma base teórica para fazer todo um conceito do que é a profissão de um montador de móveis e aí a pratica. Eles fazem mesmo um móvel do zero. Pega uma chapa de MDF, por exemplo, e ali eles constroem gaveteiros, armários, roupeiros”, acrescenta.
O curso é um pontapé inicial, mas não revolve completamente o problema da falta de mão de obra qualificada na região, já que existe muita demanda. Por isso, a ideia é que mais pessoas sejam qualificadas. “Os alunos estão muito empolgados com a resposta de uma oportunidade de emprego, alguns como melhoria de vida. Então a gente está mudando realmente a vida deles, trazendo eles pro mercado de trabalho. Possivelmente, com certeza, ano que vem a gente continua com esse programa”, adianta Jeniffer.
Atualmente a região da Amurel tem 428 empresas do setor moveleiro, que empregam mais de 3 mil pessoas. 62 dessas empresas são filiadas ao Sindimad.