Flexibilização do uso de máscaras em ambientes abertos está em discussão no estado
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Com o avanço da vacinação contra a covid-19 e a redução do número de casos ativos, a flexibilização do uso de máscaras tem entrado em discussão. A medida, no entanto, divide opiniões entre a população e especialistas. A principal preocupação é que, embora o registro de novos casos tenha caído, o vírus ainda circula e representa risco.

O uso do item de proteção no rosto é obrigatório há mais de um ano. As propostas em debate pretendem flexibilizar o uso da máscara em locais abertos. Para o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems/SC), Daisson Trevisol, o novo momento da pandemia permite desobrigar o uso nestes espaços.

“A avaliação é que, aos poucos, a gente tem que começar a fazer algumas liberações. E os ambientes que não tem um risco muito grande, que é um ambiente de caminhada, aberto, sem aglomeração, é obvio que a gente vai ter uma segurança maior, principalmente naqueles que estão vacinados”, pontua.

Daisson diz ainda que a decisão no momento depende do governador Carlos Moisés. No final de outubro, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que uma alteração na regra em vigor está sendo elaborada. A pasta afirmou ainda que um decreto sobre o assunto somente será editado a partir da revogação da Lei Federal nº 14.019/2020. No entanto, uma alternativa deve ser adotada.

“Nós estamos avaliando essa situação para ver se tem necessidade de uma liberação federal. Mas eu acredito que o Governo do Estado fazendo um decreto específico para o Estado de Santa Catarina, com vários critérios que são aqueles que nós estamos pensando, eu acredito que a gente consiga fazer isso. Está nas mãos do governador agora. Aguardando, claro, a decisão junto com os municípios pra que a gente chegue num denominador comum e o mais breve possível a gente consiga essa liberação.

Conforme Daisson, o assunto também está sendo discutido no Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), que o diretor-presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Tubarão também faz parte.

O médico infectologista Rogério Sobroza vê com receio a liberação do uso de máscaras neste momento. A grande preocupação dos especialistas em tornar o uso do item de proteção em ambientes abertos é com as novas variantes da doença, principalmente a Delta e a Gama, consideradas mais transmissíveis.

“Mesmo frações menores da população que não estejam imunizadas podem fazer com que perpetue a doença. Não naqueles níveis catastróficos que a gente tinha anteriormente, mas fazer com que essa situação que nós temos hoje, que é uma situação de baixo contágio, mas que é estável e se mantém tendo casos o tempo inteiro, pode durar muito tempo se a gente não conseguir cortar através de um índice muito maior de vacinação”, avalia Sobroza.

O infectologista também levanta outra preocupação. Segundo ele, antes da liberação em áreas externas é preciso entender os reflexos da medida nos locais que continuarão exigindo o uso obrigatória de máscaras.

“Eventualmente, se a gente tiver pessoas circulando sem máscara em ambientes abertos, é provável que se tenha muita falha em termos dos ambientes fechados também. Porque a pessoa saindo de casa sem máscara, pode acontecer da pessoa entrar dentro de ambientes fechados. Se não houver uma fiscalização, isso pode ser perigoso. Então acho que tem que ser muito bem pensada essa mudança”, ressalta Sobroza.

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A discussão também divide opiniões entre a própria população. O atendente John Edson diz que deixou de usar o item na rua. “Quando eu estou em espaço aberto, não utilizo. De certa forma eu acredito que em espaço aberto não vai haver um perigo de contágio de uma pra outra pessoa”, afirma.

O professor de violão Henrique de Fáveri se mostra preocupado com as novas cepas do vírus. “A pandemia está na reta final, mas a gente tem que se preocupar as variantes”, diz.

Já para o comerciante Jonas Sebben o momento ainda exige cautela. “Eu acredito que do jeito que ainda tá, a variante aí do covid cada vez vindo novas variantes, acho que a gente tem que se preservar o máximo possível ainda e respeitar”, avalia.

Ainda não há previsão para que as novas regras entrem em vigor. Ainda que a flexibilização seja adotada, os cuidados como higienização das mãos, respeito aos demais protocolos, distanciamento sempre que possível devem estar na rotina da população. Além disso tudo, a vacinação é extremamente importante para vencer a pandemia.