Os últimos dias têm sido de limpeza e reconstrução nos bairros atingidos pela enchente da última semana em Tubarão. Toneladas de entulhos estão sendo recolhidos nas áreas afetadas enquanto as famílias que perderam suas coisas contam com a solidariedade da população e o auxilio do poder público.
O momento mais crítico foi vivido entre a noite de quarta-feira (4) e a madrugada de quinta (5), quando o Rio Tubarão transbordou e atingiu várias comunidades, deixando casas completamente alagadas, algumas destruídas, e famílias desabrigadas.
Em entrevista à UNITV, durante participação no programa Primeira Hora nesta quarta-feira (11), o prefeito Joares Ponticelli (PP) fez um balanço das ações que estão sendo realizadas. Ele destaca que, apesar dos estragos, não houve mortes por causas dessas fortes chuvas. “Nós temos o que comemorar sim. Não perdemos nenhuma vida. Tivemos muitas perdas materiais e muitos esforços estão sendo feitos, mas não perdemos nenhuma vida como em 74, com em 2016, no vendaval”, ressalta.
O município trabalha em mutirões de limpeza pela cidade e reconstruções de áreas danificadas. Uma força-tarefa vistoria as casas atingidas para atestar a condição da moradia. Até esta terça-feira (10), quase 500 famílias foram cadastradas para receber atendimento direcionado. Destas, cerca de 70 relataram terem perdido tudo que havia dentro da residência. Quatro famílias perderam a casa totalmente.
“Vencemos essa etapa. Estamos agora em um grande mutirão pela cidade. Muita força solidária, muita gente voluntária ajudando, se envolvendo. Já estamos batendo na casa de 500 famílias atingidas. É um grande número”, destaca Joares.
Ajuda aos atingidos
A Fundação Municipal de Desenvolvimento Social (FMDS) instalou base de atendimento em cinco bairros. Os salões paroquiais de São João Margem Esquerda, São Martinho, Bom Pastor, Morrotes e Km 60 são pontos de atendimento às famílias atingidas. Os três Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), além da sede da FMDS, na Casa da Cidadania, e a sede da regional da Defesa Civil do Estado, no São João ME, também contam com apoio de servidores do social para atendimento da população.
O município também está elaborando o relatório com os prejuízos para serem encaminhados para a Defesa Civil estadual. Na última semana, Joares decretou situação de emergência. Em um levantamento preliminar, já se estima prejuízos de R$ 30 milhões na agricultura e na infraestrutura da cidade.
O Governo do Estado anunciou que vai construir casas para os moradores que perderam as suas . A construção ocorrerá com o auxílio dos municípios. As obras deverão ser feitas em terrenos cedidos pelas prefeituras, longe de áreas inundáveis, a partir de critérios definidos pela Defesa Civil.
Joares afirmou que a prefeitura vai aderir a essa parceria e já está identificando possíveis locais onde elas possam ser construídas. “Nós já estamos tomando as providencias de identificar esses terrenos nas imediações das comunidades onde essas pessoas vivem. Para não quebrar muito o vinculo social e para não concentrar essas pessoas em uma só região”, explica.
Outras ações também estão sendo tomadas localmente. Um programa de compra de kits de eletrodomésticos como fogões, botijões de gás, geladeiras, dentre outros, será criado. Para isso haverá investimento de recursos próprios do município, além de contribuições de empresas com sede na cidade.
A prefeitura vai comprar 100 balcões para pia das empresas ligadas ao Sindicato da Indústria da Madeira e do Mobiliário da Amurel (Sindimad). O município pagará apenas o material, sendo que a mão de obra será doada pelas empresas. Assim, quando prontos, serão doados às famílias com esta demanda, apontadas pelo levantamento da FMDS.
Luta pela redragagem
Joares também falou sobre as ações preventivas que devem ser tomadas para evitar novas tragédias no futuro. A principal delas é a aguardada redragagem do Rio Tubarão, um projeto há anos em discussão e que ainda não se concretizou. Segundo ele, passada essa fase de recuperação da cidade, a realização do serviço será cobrada.
“Nós não vamos deixar esse assunto esfriar, vamos promover um grande debate para a tomada de decisões. Primeiro, precisamos de uma resposta definitiva com relação a esse processo de desassoreamento do rio. Segundo, essa questão das barragens, vai ser retomada a sua discussão e encaminhamentos ou não? Eu particularmente gosto dessa ideia”, diz o prefeito, ao citar o exemplo de Rio do Sul.
Ele também fala na necessidade de manter a Barra do Camacho aberta e que esses assuntos devem ser discutidos regionalmente. Joares comentou ainda sobre a necessidade de instalar mais bombas de drenagem em outros pontos da cidade e de avaliar o atual plano de macrodrenagem.
“Nós vamos agora confrontar o plano de macrodrenagem que o município tem com aquilo que efetivamente aconteceu com as águas espalhadas. Tem coisas que precisam ser compreendidas, como a questão de um novo sistema de bombas”, afirma.
O prefeito nega que não havia manutenção nas bombas da margem esquerda e afirma que todas estavam funcionando corretamente até semana passada. Segundo ele, os equipamentos falharam apenas após a queda de energia que houve na madrugada da última quinta-feira. “A gente tem que ter uma outra fonte, uma fonte alternativa de energia, quem sabe um gerador”, aponta.
Confira a entrevista completa abaixo (a partir de 33min33seg).