Evento debate transição energética e futuro do carvão mineral na região
Foto: Reprodução UNITV

O Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, é o maior da América do Sul em geração de energia elétrica a carvão. Mas, essa forma de produzir energia está com os dias contados. Isso porque, o carvão é o tipo de combustível fóssil que mais polui o meio-ambiente. Por isso, já existem estudos para a mudança de matriz energética dentro do complexo.

Um debate sobre transição energética, seus impactos e benefícios, foi realizado na tarde desta segunda-feira (6), no Parque Ambiental Encantos do Sul, em Capivari de Baixo. O evento fez parte da programação da Semana do Meio Ambiente do município. No evento, a empresa Diamante Geração de Energia, que assumiu o Complexo Termelétrico, também lançou um relatório socioambiental sobre a usina.

O presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Luiz Zancan, explica que a transição energética é sair de uma produção de alto carbono para uma geração de baixo carbono, sem destruir valor econômico e social da atual cadeia produtiva.

“Pra isso, você tem que buscar tecnologias e manter os empregos e a renda. Netão nós temos que sair de um modelo de alto carbono para o baixo carbono sem que ocorra essa disrupção. Aí as capturas de CO2 são fundamentais. E também criar novos modelos de negócios que a gente possa usar no mundo de baixo carbono”, aponta Zancan.

A empresa responsável pela gestão do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda acredita que precisa mudar o modelo de negócio para uma plataforma mais sustentável, mas que isso deve ser feito com planejamento.

“Você precisa criar condições para que a energia renovável possa efetivamente assumir, se não a totalidade, a maior parte da geração de energia. Então, hoje a gente entende a geração térmica como uma transição e estamos trabalhando para isso. O Complexo segue operando por mais um tempo para que se faça uma transição organizada e planejada. Ao mesmo tempo, nós temos projetos de expansão, ainda na área de térmicas, mas já numa plataforma de gás natural”, afirma Pedro Litsek, CEO da Diamante Geração de Energia.

O Complexo Termelétrico Jorge Lacerda gera mais de 20 mil empregos diretos e indiretos na região Sul do estado. Além disso, injeta mais de R$ 6 bilhões por ano na economia de Santa Catarina. O futuro do setor na região foi bastante discutido nos últimos dois anos, quando a usina foi colocada a venda pela antiga gestora, a Engie.

No âmbito destas discussões, uma lei federal garantiu a continuidade das operações do setor carbonífero até 2040. Em Santa Catarina, foi criada a lei estadual que instituiu a Política Estadual de Transição Energética Justa. Medidas que deram segurança para a continuidade do setor carbonífero na Sul catarinense.

“Primeiro tem que manter a atividade funcionando para dar o tempo necessário para desenvolver as tecnologias de baixo carbono. Segundo, tem que incentivar que você possa desenvolver as tecnologias através de recursos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). E terceiro, fazer um plano de desenvolvimento da região, que chama-se transição energética. Isso está nas leis, tanto federal quanto estadual”, pontua Zancan.

Capivari de Baixo também tem mantido conversas com a gestora do Complexo para avaliar a situação da mudança da matriz energética de perto. O assunto interessa e muito o poder público, porque a usina é a empresa que mais gera emprego e renda dentro do município.

De acordo com o prefeito Vicente Corrêa Costa, o Brasil, por ser um país em desenvolvimento, ainda necessita ainda de diversas fontes de energia. “Se não existisse o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, muito possivelmente, haveria apagões, não teria energia para abastecer a indústria, então do ponto de vista estratégico, é muito importante o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda”, diz. “Mas eventos como esse, demonstra ao cenário macroeconômico, a todo o mercado da energia limpa e sustentável, que nós estamos caminhando também nessa direção”, acrescenta.

As termelétricas são acionadas quando acontece falta de chuva nas regiões que possuem as hidrelétricas. É uma energia mais cara, porém, fundamental para evitar apagões e manter o sistema elétrica em funcionamento. O complexo de Capivari de Baixo é capaz de suprir a demanda de energia elétrica de 25% do território catarinense.

Relatório Socioambiental

O documento de 60 páginas foi apresentado pelo CEO da companhia, Pedro Litsek, a autoridades, ambientalistas, funcionários do setor e à cadeia de carvão mineral de Santa Catarina. O relatório ilustra a preocupação da empresa com o seu papel no meio ambiente e na sociedade, em especial os moradores da região Sul do Estado.

“Nossos dados relativos às emissões das unidades são enviados de forma instantânea para os órgãos ambientais e, na sequência, para as prefeituras e Câmaras de Vereadores de Capivari de Baixo e de Tubarão”, lembrou o dirigente da Diamante. Litsek explicou que o relatório explicita as expectativas de desenvolvimento sustentável defendidas pela empresa, tanto externas quanto internas.

Após o lançamento do Relatório, foi apresentada a palestra “Transição Energética Justa: Marco Legal”, exposta pelo engenheiro Fernando Luiz Zancan. O líder da entidade fez questão de gerar reflexões da plateia ao enumerar as ações que estão previstas para que a transição energética com emissão de baixo carbono seja acompanhada por todos os setores.