A crise ambiental global e o impacto provocado pelo Brasil

Foto: Felipe Werneck/Ibama

Diz a lenda que uma mentira contada muitas vezes vira verdade. Não acredito nisto. Uma mentira contada muitas vezes é uma mentira que todos conhecem e alguns aceitam como verdade por ter sido repetidamente disseminada. Nas campanhas presidenciais do início dos anos 1990, do século passado e do milênio passado, o cardiologista e candidato ao cargo máximo na República, Dr. Enéas Carneiro já advertia que o interesse dos países ricos na Amazônia não era pela proteção ambiental, mas sim pelas riquezas do subsolo. “Se a questão está nas árvores, basta reflorestar áreas degradadas mundo afora”.

A Amazônia brasileira é a maior e mais expressiva massa verde do Planeta. Considerada o pulmão do mundo. Os alertas relacionados ao desmatamento desmedido da floresta são recorrentes e históricos. Todos os governos brasileiros, desde o final do ciclo dos governos militares, em 1985, com a posse de José Sarney, passando por um mandato de Fernando Collor e Itamar Franco, dois mandatos de Fernando Henrique, dois mandatos de Lula, um mandato e meio de Dilma e meio mandato de Temer. Com o presidente Bolsonaro, nestes três primeiros anos as críticas aumentaram.

O mundo inteiro bate vigorosamente no Brasil, e, por falta de informação, por leituras superficiais, muitos de nós brasileiros embarcamos na onda midiática de destruição da reputação do Brasil na esfera global. Há claramente interesses das nações mundo afora em prejudicar o status do Brasil em relação a proteção do meio ambiente, na produção de alimentos, na busca por autoafirmação do país como potência global nas mais diversas áreas do conhecimento humano e na exploração de riquezas naturais. Diversos países exterminaram os habitantes originais, conhecidos como índios, silvícolas, etc.

No Brasil, 14% do território nacional está demarcado como reserva para os povos originais do país, que, atualmente, somam cerca de 1 milhão de habitantes. Esta é uma das maiores proteções territoriais do mundo para os índios, silvícolas ou outras denominações aos habitantes originais de um país. Somente o Amazonas (com mais de 18%) e o Pará (com mais de 14%) têm um território superior às reservas indígenas demarcadas somadas. Santa Catarina, dos menores estados brasileiros em extensão territorial, ocupa cerca de 1,12% do território nacional, com uma população de pouco mais de 7,3 milhões de brasileiros residentes, representando um pouco mais de 3,2% da população brasileira, e oscila entre o quinto e o sexto maior estado brasileiro na geração de riquezas.

No encontro do G-20, deste ano, com tema da preservação ambiental planetária, o COP26, em Glasgow, na Escócia, o Brasil voltou a ser criticado pelos países mais industrializados e poderosos do mundo. Contudo, o governo brasileiro fez uma veemente defesa das estratégias de proteção ambiental e redução na geração de CO2, principal gás emitido pelas populações, alto custo dos hábitos modernos da sociedade.

Em resposta a um destes ataques, especialmente pelos dirigidos por uma ministra do governo francês, que pretendia responsabilizar o Brasil pelas mudanças climáticas no mundo, o ministro do Turismo brasileiro, Gilson Machado Neto, apresentou algumas informações e fez diversas indagações. Machado lembrou que 80% do PIB mundial vem dos países membros do G-20, maiores economias do planeta, responsáveis pela emissão de 78% dos gases de efeito estufa. Lembrou que alguns países produzem estes gases há mais de 200 anos e que o Brasil é responsável por 2,9% destes gases.

As críticas são importantíssimas para manter o rumo da preservação, tão importante para assegurar o futuro das novas gerações. No Brasil, há importantes e modernas legislações, além de estruturas dos municípios, estados e da União, que garantem a preservação ao longo da história. A Europa tem, em média 5% das áreas naturais, florestas, mangues e áreas virgens protegidas. O Brasil, graças aos trabalhos de todos os governos e, principalmente dos produtores, preserva 66% do território nacional. Ou seja, dois terços de nossas áreas verdes estão protegidas e preservadas. Ainda segundo o ministro, “A Amazônia brasileira está preservada, não pegou fogo, não foi extinta. Mais de 84% da Amazônia está intacta”, revela o ministro afirmando que os dados são na NASA e dos observadores acreditados em todo o mundo.

O Brasil no final dos anos de 1970 chegou a produzir 50 milhões de toneladas de grãos. Atualmente, na safra 2020/2021, o Brasil atingiu 252,3 milhões de toneladas de grãos. Um crescimento superior a 5 vezes em 5 décadas. O PIB brasileiro tem no agronegócio 25% de sua geração. O alimento brasileiro é responsável por saciar parte da fome no mundo. Um em cada cinco pratos servidos em todos os 20 países mais ricos do mundo é produzido no Brasil. Este dado é impressionante. Equilibra os preços dos produtos alimentícios no mundo e mostra o peso do Brasil neste cenário de segurança alimentar global.

Para conquistar todo este destaque e esta importância mundial, o Brasil utiliza 7% do território para a agricultura. As áreas indígenas, que somadas chegam a 14% do território brasileiro, ocupam duas vezes as áreas utilizadas pela agricultura. O que o país tem conseguido é aumentar a produtividade, ou seja, mais produção de alimentos na mesma área cultivada. Os estados que integram a Amazônia Legal contribuem com um baixo percentual neste cenário, o que pode demonstrar a veracidade relacionada a proteção da maior floresta do mundo. O Amapá empresta 0,02% do seu território para a Agricultura. Em Roraima, a área utilizada pela agricultura é de 0,1%. No Acre 0,3%. No Amazonas a agricultura ocupa 0,5% e Rondônia 1,7%. A soma das áreas utilizadas na agricultura por estes estados do Norte chega a 2,602%.