Dia da Imprensa: para comemorar ou para avaliar o nosso desempenho?

Foto: Ilustrativa

Há alguns anos, nós jornalistas sofremos críticas pela maneira como temos conduzido nossos trabalhos em todo o Brasil. A primeira agressão veio quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em junho de 2009, que para exercer a profissão de Jornalista não é mais necessário o diploma de formação em curso superior. Entendo o diploma com formação profissional qualificada, promovida por universidades, centros universitários e faculdades. A obrigatoriedade do diploma estava prevista no Decreto Lei 972, de 1969. Com o surgimento e o fortalecimento da Internet e das mídias sociais, com mais e mais pessoas dando opiniões, surgem as chamadas Fake News (nada mais são do que mentiras).

Desprezo a expressão Fake News que na tradução literal significa notícia falsa. Se é notícia, como poderia ser falsa?! Notícia, conforme os manuais de jornalismo sério, significa um texto preparado por um jornalista relatando um fato social relevante. Então, se é um relato de um fato social relevante não se pode admitir por falso. Mas a moda pegou a partir de ataques provocados e promovidos por figuras políticas locais, estaduais, nacionais e internacionais que têm interesse em esconder a verdade. O papel do jornalista é divulgar fatos.

Recentemente é possível perceber posicionamentos equivocados de jornalistas em todo o território nacional. Atacar o país por causa do governante de plantão virou moda. Não noticiar fatos, realizações, obras, ações de Estado e de governo virou mania nacional. No Brasil temos jornalistas de “esquerda”, que tecem críticas como se políticos fossem, e não noticiam atos de governos municipais, estaduais e federal, por conta do posicionamento ideológico dos ocupantes dos cargos. E temos ainda jornalistas de “direita”, que endeusam e defendem autoridades públicas de maneira apaixonada. Onde estão as reportagens investigativas, aquelas que falam dos investimentos públicos em benefício da população?

Os jornalistas norte-americanos Tom Rosenstiel e Bill Kovach, na obra Elementos do Jornalismo – o que os jornalistas devem saber e o público exigir – (The Elements of Journalism), publicado em 2001, declaram que a “Primeira obrigação do jornalismo é com a verdade”. Afirmam ainda que “Sua primeira lealdade é com os cidadãos”. Os premiados jornalistas norte-americanos advertem ainda que “Sua essência é a disciplina da verificação” e que “Seus praticantes devem manter independência daqueles a quem cobrem”. Mas um dos alertas mais importantes é o de que “O jornalismo deve ser um monitor independente do poder” e que “O jornalismo deve abrir espaço para a crítica e o compromisso público”. Quando falei no texto, há poucas linhas sobre o que é notícia, os americanos trazem uma belíssima definição: “O jornalismo deve empenhar-se para apresentar o que é significativo de forma interessante e relevante” e complementam que “O jornalismo deve apresentar as notícias de forma compreensível e proporcional” e que “Os jornalistas devem ser livres para trabalhar de acordo com sua consciência”.

O Dia Internacional do Jornalista é comemorado em 8 de setembro. Mas no Brasil, instituído em 1931, o Dia do Jornalista é lembrado em 7 de abril, mesmo dia da Fundação da Associação Brasileira de Imprensa, fundada em 1908. A data honra a memória de Giovanni Battista Líbero Badaró, italiano radicado em São Paulo, médico e jornalista assassinado por “inimigos políticos”, quando defendia, em 1831, a Monarquia Constitucional, sem a presença de portugueses no Brasil recém-emancipado politicamente. A homenagem veio 100 anos após o crime, em 22 de novembro de 1830.

Crimes contra jornalistas ainda ocorrem nos dias atuais. Entre 2016 e 2018, 400 profissionais foram assassinados em todo o mundo, enquanto realizavam ou em represália ao seu trabalho. Entre 2011 e 2015, foram assassinados 491 profissionais de jornalismo. Segundo a Organização Internacional Repórteres Sem Fronteiras, nos últimos 10 anos 937 profissionais de imprensa foram assassinados. Somente em 2020 50 jornalistas foram mortos, sendo que 68% destes em países que não estavam em guerra.